Você já ouviu falar em terror noturno? Os episódios são marcados por choro, grito e pânico durante o sono, sem que a criança esteja de fato acordada, apesar de parecer. Eles são mais frequentes depois dos 2 anos, mas também podem acontecer a partir dos 9 meses em algumas situações. É um distúrbio de sono um tanto quanto assustador para os pais, especialmente na primeira vez em que acontece.
Aprenda a reconhecer o terror noturno e entenda mais sobre ele. Confira ainda dicas para lidar com a situação e sugestões para evitar a sua ocorrência.
Terror noturno x pesadelo
O terror noturno pode ser confundido algumas vezes com pesadelos. Isso porque ambas as situações causam estresse na criança. No entanto, saiba que o terror noturno é muito mais raro. Confira algumas diferença entre os dois distúrbios no sono infantil:
Terror noturno: a criança fica angustiada e parece estar acordada, podendo se mexer muito, sentar na cama ou andar pelo quarto. Porém ela não responde aos seus “estímulos”, presença, conforto e não entra em contato com você. Ela também chora, grita e até fala palavras sem sentido, no caso de crianças maiores. O coração costuma ficar acelerado e é normal observar transpiração excessiva. Um episódio de terror noturno pode durar de 30 segundos a até 10 minutos.
Quando vou para França, no apartamento do meu irmão, costumo dormir no quarto da minha sobrinha. Quando ela tinha uns 3 anos assisti a mais ou menos 3 episódios de terror noturno. É um momento muito assustador, pois ficamos sem recursos diante de uma criança que parece estar em desespero e grita muito forte no meio da noite! Na época não sabíamos o que era e em pleno “terrible two” meu irmão achava que era uma espécie de “birra noturna”. Se soubesse sobre o terror noturno na época poderia ter orientado a família a se informar melhor e teria sido menos assustador!
Pesadelos: são sonhos assustadores associados ao sono REM (o estágio de sono mais pesado). Por isso, costumam acontecer mais tarde da noite, quando a criança já está dormindo por mais horas. Estudos indicam que cerca de 70% das crianças possuem pesadelos ao menos eventualmente, sendo o pico de tais pesadelos mais tarde na infância, por volta dos 10 anos de idade. Alguns gatilhos que podem estar relacionados com pesadelos frequentes: ansiedade, estresse e eventos traumáticos. No caso de pesadelos a criança acorda e sua presença a conforta. Conversando com a criança ela pode exprimir algumas emoções.
Para lidar com pesadelos os pais podem experimentar diferentes possibilidades. Uma é justamente conversar com o filho para verificar o conteúdo do pesadelo e assim poder tranquilizar a criança. Histórias também são boas aliadas, pois explicam mais sobre pesadelos e mudam o foco da criança para lidar com o que desperta o medo. Uma sugestão de livro sobre o assunto é “Um pesadelo no meu armário”.
Se a criança está assustada com algum monstro você pode “revisar” o quarto com ela antes de dormir, checando embaixo da cama e dentro do armário. Algumas famílias chegam a criar um spray ou repelente “Sai, monstro”, que nada mais é do que uma embalagem com água e um rótulo temático. De qualquer forma, a brincadeira costuma ser eficiente com os pequenos na fase dos medos e pesadelos!
Observa-se que uma das principais diferenças entre o terror noturno e os pesadelos está no momento da noite em que as situações ocorrem. Enquanto os pesadelos acontecem após mais horas de sono, o terror noturno é caracterizado por suceder-se no início da noite, após 1 ou 2 horas do momento em que a criança foi dormir.
Como lidar com o terror noturno
Os episódios de terror noturno são muito assustadores para os pais, que tendem a ficar sem reação em um primeiro momento. No entanto, existem algumas orientações para ajudar a criança em decorrência do distúrbio:
- Procure manter a calma. Tenha em mente que a criança está dormindo e não irá responder aos seus comandos ou qualquer pergunta. Também tranquilize-se ao saber que ela não lembrará dos episódios de terror noturno.
- Não tente acordar a criança. Alguns especialistas inclusive recomendam que os pais não falem com os filhos nem interfiram no processo, para evitar prolongá-lo.
- Mantenha seu filho em segurança. Se ele estiver andando, encaminhe-o gentilmente de volta à cama.
- Anote o horário em que o terror noturno ocorre e procure um padrão. Identificando uma repetição na hora mais suscetível ao terror noturno você pode aplicar uma técnica conhecida como despertar agendado. Ela consiste em acordar a criança 30 minutos antes do horário em que o terror noturno aconteceu em noites anteriores. Se a criança não usar mais fraldas você pode sugerir uma ida ao banheiro ou oferecer um copo de água. Depois, deixe seu filho dormir novamente. Repita o despertar por algumas noites e verifique se o terror noturno volta a acontecer.
É possível evitar que ele ocorra?
Não se sabe exatamente o que causa o terror noturno, mas acredita-se que ele está relacionado com alguma dificuldade envolvendo o sono profundo. Pesquisadores indicam que o terror noturno é associado com a exaustão, ansiedade, estresse e respiração desordenada durante o sono. Alguns estudos também apontam para possíveis ligações entre o terror noturno e a televisão, especialmente quando ela fica no quarto das crianças.
Para tentar evitar episódios de terror noturno os pais podem:
- Certificar-se que os filhos estão dormindo o suficiente. A privação de sono pode prejudicar o sono profundo e favorecer o terror noturno. Uma estratégia que pode funcionar diante de um episódio de terror noturno é colocar a criança para dormir um pouco mais cedo ou tentar prolongar as sonecas do dia para garantir um melhor descanso.
- Observar qualquer sinal de ansiedade ou alteração de comportamento. Se precisar conte com a ajuda de um profissional como psicólogo ou psiquiatra para suporte em questões específicas, como divórcio dos pais, dificuldades na escola, etc.
- Evitar exercício noturno e agitação em excesso. O ritual de sono é uma excelente sugestão, mesmo com crianças maiores, para garantir uma preparação para um sono tranquilo. Ele consiste em repetir diariamente as mesmas ações, na mesma ordem e a partir do mesmo horário. O objetivo é sinalizar que a hora de dormir se aproxima e favorecer um relaxamento. Algumas sugestões para o ritual do sono do seu filho: um banho morno, uma música tranquila e uma história em família.
- Garantir que o ambiente de dormir seja o mais seguro possível. Para bebês isso significa um berço livre de objetos que podem prejudicar a respiração, como lençóis, cobertas e travesseiros. A melhor opção é que a criança durma com um saco de dormir, para estar protegida e segura.
Se você suspeita que seu filho pode estar tendo episódios de terror noturno observe e tente manter a tranquilidade. Muitas vezes o terror noturno não se repete após alguns ajustes na rotina de sono. Se o distúrbio se tornar frequente converse com o pediatra para descartar outras possíveis condições e ter um acompanhamento profissional.
Seu filho teve Terror Noturno? Conta para gente como aconteceu e o que você fez!