As famosas “listas indispensáveis” são armadilhas quando o assunto é o enxoval do bebê. Menos pode ser mais, inclusive pensando em segurança! Confira nossas dicas para economizar nos preparativos para a hora de dormir dos pequenos.
Há tantos produtos disponíveis no mercado infantil que a cabeça de muitas mães (não só as de primeira viagem!) pode simplesmente dar um nó. O que realmente é necessário e o que é apenas modismo ou apelo de mercado? Como pensar em um enxoval consciente?
Tudo depende do seu estilo de vida e de onde você quer investir sua energia e seu dinheiro.
“Numa sociedade de consumidores, tornar-se uma mercadoria desejável e desejada é a matéria de que são feitos os sonhos e os contos de fadas”, disse o grande sociólogo polonês Zigmunt Bauman, no livro Vida para Consumo: a transformação das Pessoas em Mercadorias.
Durante a gravidez ou quando temos filhos pequenos, ansiedade e sonhos não nos faltam. Assim como apelos comerciais. A cadeira “x” ideal para a amamentação. A banheira “y” para um super banho acolhedor. Almofadas, travesseiros, cueiros, mantas, lencinhos e por aí vai. A lista é grande e vai no sentido contrário de um enxoval consciente e mais prático!
Bauman fala em seu livro que já houve uma época da sociedade na qual os produtos eram feitos visando essencialmente segurança, durabilidade e um ambiente confiável. É nisso que acredito para um consumo consciente. E é pensando assim que produzo os sacos de dormir da Joli Môme, como uma peça “coringa” que simplifica a visão atual do cantinho de dormir dos bebês, sem perder beleza e utilidade necessárias.
Enxoval consciente no cantinho de dormir
Um dos pontos mais importantes ao planejar o quarto do bebê é pensar na qualidade do berço e do colchão. Eles vão acompanhar o seu filho por um bom tempo e são determinantes para garantir um sono seguro e confortável.
Segundo o Inmetro, grades e vãos não adequados são perigosos, pois facilitam quedas e enforcamento. Um colchão macio demais, por exemplo, sem as dimensões (altura, largura e espessura) corretas também pode apresentar riscos, pois pode permitir que o bebê afunde e suas vias respiratórias sejam cobertas.
Atenção ainda aos berços de viagem, que devem ser usados de maneira esporádica e não permanente! Vale a pena visitar o site do Inmetro para conferir todas as orientações disponíveis.
Kits de berço são dispensáveis
Os bebês são seres curiosos e prontos para descobrir o mundo por meio dos seus movimentos. Rolar no berço é um exercício desafiador, mas a criança pode parar debaixo de um protetor acolchoado e não conseguir se desvencilhar dele.
Cobertores e mantas também podem interromper os movimentos e asfixiar, em situações extremas.
Mesmo almofadas e travesseiros merecem uma atenção especial. Os itens até deixam o quarto mais bonito, mas na hora de dormir devem ser removidos.
O mesmo vale para os brinquedos, que são essenciais para o desenvolvimento infantil, mas não no lugar de dormir. Bebês precisam brincar, contudo, fora do espaço do sono, que deve ser projetado para a criança se acalmar. Assim, bichinhos de pelúcia no berço podem se transformar em vilões (eles acumulam poeiras e favorecem as alergias!). Já os móbiles pendurados acima do berço representam risco de traumas, em caso de queda (Além de atrapalhar o sono!).
A Sociedade Brasileira de Pediatria faz importantes alertas quanto a utilidade dos produtos relacionados com o sono dos pequenos. Lindos nas revistas de decoração, alguns itens podem levar ao sufocamento, asfixia, alergia, além de se tornarem trampolins para as primeiras aventuras (nada seguras!) da infância.

A ONG Criança Segura também tem uma lista de cuidados para prevenir acidentes. Essa lista sim é indispensável e pode ser implementada com o objetivo de um enxoval consciente! Então, esqueça o protetor de berço e qualquer item que fique solto dentro da caminha, representando um perigo para o sono do seu filho.
Cueiros, cuidado!
Os antigos cueiros, são bons sim… para a higiene corporal, mas devem ser usados com cautela para fazer o charutinho, acalmar choro e aconchegar. O assunto é tão sério que já me dediquei ao tema no blog antes e vale a indicação de leitura. Dificuldade respiratória, atraso nos movimentos e até displasia de quadril são alguns dos problemas relatados por muitos especialistas. (https://www.jolimome.com.br/charutinho-o-perigo-de-enrolar-o-bebe-para-dormir/).
Sacos de dormir e rotina saudável
Dificilmente você vai encontrar os sacos de dormir nas listas de enxoval brasileiras. Sabe por quê? Primeiro porque não fazem parte da cultura brasileira, é uma tradição da Europa. Desde 1993, eles são recomendado pelo ministério da saúde da França, como uma solução segura para cobrir os bebês os dias mais frio. Segundo porque o saco de dormir não surgiu a partir de um apelo da indústria, e seu preço mais em conta que um conjunto completo de berço (com protetor, cobertas e almofadas combinando), evita o consumo desnecessário.
Invisto nessas peças porque segurança é a primeira palavra ligada a eles. Eles são pensados para evitar que o bebê se enrosque e se embole como em mantas, edredons, cobertores e etc. Confortáveis, são feitos com tecidos e malhas 100% algodão e com modelagem pensada para ser prático. Sem se descobrir, os bebês têm liberdade, conforto e aquecimento na medida certa.
Outro ponto importante é que os sacos de dormir ajudam a estabelecer uma rotina, práticas imprescindíveis nos cuidados infantis. Ao ser colocada numa “turbulette”, como são chamados na França, a criança associa e compreende que saco de dormir significa hora do soninho.
Para a psicóloga Cisele Ortiz, coautora do livro “Ser professor de bebês: cuidar, educar e brincar uma única ação”, rotina dá segurança porque os bebês passam a reconhecer seus objetos, espaços, tempos e vivências do dia a dia. Sacos de dormir podem significar convívio, cuidado, vínculo amoroso, sono bom!
De mãe para mãe, o que vale a pena mesmo nesta fase linda de nossas vidas é ter clareza e serenidade para fazermos nossas escolhas, sem nos deixar ir a reboque num mundo de consumo.
Um abraço,
Pauline