Quando uma mulher engravida, logo vem a ansiedade de comprar tudo de melhor para aquele bebezinho e na maioria das vezes é influenciada pelo comércio de brinquedos e utensílios infantis e das crenças da família, passando de geração em geração.
Mas para não cair nessa armadilha, chamamos a Fisioterapeuta Pediátrica Dra. Helisandra
Goulart, para dar algumas dicas de itens e práticas PREJUDICIAIS ao desenvolvimento:
1- Charutinho
O charutinho é a maior discussão literária no meio científico ao se tratar da pediatria. Pois não há um consenso sobre sua recomendação ou contraindicação. Ele pode realmente ter alguns benefícios como: reduzir a irritabilidade, melhorar o sono, diminuir as cólicas, trazer sensação de conforto e segurança.
Porém, se feito errado pode ser muito perigoso à saúde do bebê! Aumentando o risco da Síndrome da Morte Súbita do Lactente, pois se os pais ao enrolar o bebê, apertarem demais e manter seu filho por muito tempo assim, pode dificultar o movimento torácico necessário para a respiração e alterar seus batimentos cardíacos, aumentando a frequência cardíaca do bebê em resposta a sons inesperados. Também pode oferecer o risco de sufocamento, pois o sono seguro, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, não deve ter absolutamente nada dentro do berço, inclusive cobertores, pois eles podem se mexer e acabar cobrindo o rostinho aumentando o risco de sufocamento. Além de favorecer a displasia ou luxação de quadril se feitos de maneira incorreta: estendendo as perninhas para baixo e mantendo-as assim. A postura fisiológica do bebê é flexora, suas perninhas ficam flexionadas próximas da barriguinha e não devem ser mantidas estendidas.
Os saquinhos de dormir são ótimas opções, nesse caso, pois as perninhas ficam livres para o recém-nascido movimentar, ficam quentinhos e não têm o risco de sufocamento.
2- Cadeira de descanso
Elas são aparentemente inofensivas, têm uma cara tentadora com a promessa de estimular o desenvolvimento motor do bebê, porque vibram e têm brinquedinhos. Mas a realidade é que: sentadinho ali, o bebê fica completamente limitado e isso pode causar até mesmo um atraso em seu desenvolvimento!
Tudo que o seu filho precisa é do chão para se desenvolver, através da liberdade em se movimentar, ele aprenderá a controlar a cervical, rolar, pivotar, erguer o tronco e todas as fases seguintes. Já na cadeirinha, ele estará propenso a desenvolver um torcicolo posicional, pois pela falta de controle da cervical e o formato da cadeirinha, a tendência é que o bebê incline a cabecinha para o lado, o que pode tensionar a musculatura do seu pescocinho e levar a um torcicolo.
3- Canguru
O canguru é um item até interessante para as mães que precisam fazer algumas atividades com o bebê e precisam ter mais autonomia, porém o Instituto Internacional de Displasia de Quadril, alerta que o mau posicionamento pode aumentar o risco de luxação do quadril. Isso porque nosso quadril é formado por um encaixe entre a cabeça do fêmur e uma concavidade na pelve, assim como uma bola e um soquete. Porém, os bebês nascem com essa concavidade ainda rasa e seus ligamentos ainda não tão fortes, por isso, se as perninhas ficam soltas para baixo, a “bola” pode escorregar e podem se desencaixar, o que seria classificado como uma luxação de quadril.
Por isso a indicação é: usar canguru ergonômico onde o quadril e joelhos do bebê permanecem alinhados ou então fazer o uso de slings, pois são mais seguros em relação à postura. E jamais utilizar qualquer um dos dois, com o bebê de frente para o mundo, isso também prejudica seu quadril e coluna. O bebê deve estar sempre virado para você!
4- Jumper
O jumper é outro brinquedo da lista de ilusão de estímulo, os pais compram achando que será benéfico ao seu filho e na verdade está longe disso. Fisiologicamente, pela linha do desenvolvimento, o bebê é fisicamente capaz de pular com os dois pés próximo do segundo ano de vida. Porém, são colocados no jumper muito antes disso!
Geralmente os pais e cuidadores usam esse brinquedo, segundo as pesquisas, entre 6 meses e 1 ano e nessa fase o quadril e coluna desse bebê não estão prontos para receber essa descarga de peso com impacto, podendo levar a microlesões que com o tempo será bastante prejudicial, além de aumentar o risco de alterações posturais, pois na maioria das vezes ficam na ponta dos pés. Como fisioterapeuta a Helisandra Goulart, recomenda fortemente não utilizar esse brinquedo, a não ser que seu bebê já tenha idade de 2 anos e já pule com os dois pés no chão.
5- Andador
Ahhh… O andador! Foi o último da lista, mas ele não é menos prejudicial do que os outros, na verdade eu chamo carinhosamente de “meu odiado favorito”. O andador não traz nenhum benefício ao desenvolvimento motor do bebê, muito pelo contrário, ele gera uma lista imensa de alterações posturais e consequências negativas. Vou pontuar algumas aqui:
- Altera a postura: a criança pode passar a caminhar na ponta dos pés, tensionando a musculatura da panturrilha e apresentar uma postura que chamamos de anteriorizada, que nada mais é do que ficar com o corpinho para frente, pois é assim que eles se locomovem neste dispositivo.
- Prejudica o equilíbrio: para uma criança desenvolver o equilíbrio (pois nascemos sem) ela precisa TESTAR e PRATICAR. No andador, o bebê fica completamente apoiado pelo quadril e por todo o suporte ao seu redor, limitando todos os seus movimentos, principalmente as trocas de posturas, como: agachar, levantar, engatinhar, ajoelhar e até mesmo caminhar sozinho e cair, tudo isso faz parte do desenvolvimento do equilíbrio e é roubado pelo andador! Isso traz uma falsa percepção aos pais, mas na verdade quando o bebê é colocado diretamente ao chão não consegue se locomover da mesma forma e agilidade, pois sem o suporte seu corpo não sabe como se portar.
- Prejudica a noção de espaço: quando o bebê engatinha começa a desenvolver a noção de espaço, ele aprende quando deve desviar de um objeto, quando deve baixar a cabeça para não bater em uma prateleira, por exemplo. Também desenvolve a noção da distância entre ele mesmo e os objetos e tudo isso se dá através dos testes, se esbarrando, caindo, voltando, repetindo e aprendendo. O andador altera completamente isso, pois é largo e espaçoso, então quando o bebê vai passar em uma porta, por exemplo, o andador não passa ou esbarra e assim vai confundindo o aprendizado e a sua imagem corporal. Futuramente como uma consequência decorrente disso, os adultos que usaram andadores infantis, são pessoas conhecidas por esbarrar em tudo, derrubar os objetos e até viver tropeçando.
- Pula e antecipa fases: os estudos científicos mostram que os bebês são colocados no andador, geralmente entre 6-8 meses (às vezes até antes disso), enquanto ainda não sabem se colocar de pé sozinho. Sendo extremamente prejudicial, pois antecipa e pula diversas fases. Para o bebê conseguir se colocar de pé sozinho, seguindo a linha do desenvolvimento, deve aprender primeiro a ficar em quatro apoios, ajoelhar e assim ficar em pé com apoio em algum móvel ou objeto. E para caminhar é um processo ainda mais longo, onde o bebê deve aprender a agachar e levantar (para desenvolver a força das suas perninhas e seu equilíbrio), dar seus primeiros passos para o lado com apoio (chamamos de marcha lateral), onde pode, por exemplo, se apoiar no sofá e caminhar de ladinho até o final dele. Para em seguida aprender a caminhar para frente empurrando algum objeto e só então depois dessa longa jornada e todas essas fases, entre 12-18 meses (alguns bebês conseguem antes), caminhar sem apoio. No andador, o bebê não tem nenhuma dessas experiências!
- ATRASA a marcha independente (caminhar sem apoio): A consequência de pular as fases, mencionadas acima, é levar mais tempo para caminhar sem apoio. O cálculo é de aproximadamente 3 dias de atraso para cada 1 dia de uso do andador. Ou seja, o objetivo dos pais é o fazer caminhar mais cedo e na verdade, pode demorar mais ainda.
A lista é grande e segue, mas acredito já ser o suficiente para convencê-los de não usar esses itens.
Com amor,
Dra. Heli Goulart
CREFITO-10 n° 331256-F
Muito legal, não sabia disso!
Genial!
Tenho um filho bebê, e muitas dúvidas tirei com este artigo.
Que ótimo! Fico muito feliz!
genial! obrigada pela matéria!
Muito obrigada!
Parabéns pela “matéria”. Muito importante mesmo!
Parabéns pela “matéria”. Muito importante mesmo!
Sugiro que compartilhe nas redes sociai!
Muito obrigada!